segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Propinas, Ensino Superior e Competitividade

Romão Fernandes de Araújo.

Segundo dados do Orçamento de Estado de 2011, os alunos das Universidades públicas portuguesas irão pagar no seu conjunto 2.457.000 Euros de propinas.
Tendo em conta que o apoio do estado às Universidades foi de 1 275 300 685 Euros, e as despesas de funcionamento do ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior foram de 2 263 858 Euros, que podemos deduzir destes dados?
O apoio que a Sociedade, através do Estado, fornece aos alunos do ensino superior é bastante mais elevado do que aquilo que poderíamos pensar.
Este auxílio é essencial como instrumento de apoio à mobilidade social, dando oportunidades aos de que de outra forma não teriam possibilidades de se instruir.
Ainda, um país com quadros superiores competentes é um factor de atracção de investimento estrangeiro, o que, através da criação de empresas, diminuiria o desemprego. Em consequência do florescer de empresas verificariam-se aumentos das receitas do Estado através dos impostos sobre os rendimentos dessas mesmas empresas.
Infelizmente, Portugal é pouco atraente para os investidores estrangeiros. Grande parte devido à enorme burocracia, corrupção, leis laborais pouco competitivas em relação a outros países e sistema fiscal pouco competitivo em relação a outros países entre outros.
O investimento que a sociedade está a fazer nos nossos quadros superiores não tem retorno, visto estes quadros muitas vezes encontrarem-se numa situação de terem de emigrar para trabalharem na sua profissão.
Não é pouco comum que, Engenheiros, Químicos, Farmacêuticos, Enfermeiros entre outros, emigrem do nosso país por não existirem empresas capazes de os empregar, sendo forçados a criar riqueza e valor acrescentado em sociedades que em nada contribuíram para a sua formação.
Note-se porém, que é através da criação de condições atractibilidade de investimentos que o problema poderá ser atacado, sendo sempre necessário um sistema educativo de qualidade.
Bibliografia
Orçamento de Estado 2011
Araújo, F. (2009). Introdução à Economia. Ed. Almedina: Lisboa
Medina Carreira, H. (1996). As politicas Sociais em Portugal. Ed. Gradiva: Lisboa
Louçã, F. & Castro Caldas, J. (2010). Economia(s). Ed. Afrontamento: Lisboa.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Pobres, políticos. 

Aquilo que mais me intriga nisto tudo são os pobres. Afinal de contas o que é um pobre? Um pobre é um indivíduo com parcos recursos económicos. Quanto a definições estamos falados. No entanto, no que diz respeito à minha opinião sobre os pobres, a situação parece-me um pouco mais complexa. Sempre tive um especial carinho por pobres. Pareciam-me excluídos da sociedade, pessoas injustiçadas as quais não mereciam estar na situação em que estão. Não sei. Aquilo que sei é que a própria definição de justiça neste caso é um tanto ou quanto nebulosa. É certo que muitos dos pobres são explorados, são utilizados como mão de obra barata para darem lucros chorudos aos patrões. É um facto. Por outro lado, existem aqueles que são uma espécie de parasitas, não querem trabalhar, não querem estudar, somente pensam na melhor forma de extorquir dinheiro ao estado como forma de manterem o seu nível de vida mais ou menos confortável. Chego à conclusão que em todas as classes existem pessoas que aceitam os outros, que ouvem os outros, que são dotados de espírito de solidariedade. Enfim pessoas boas. Nestas coisa da distinção do patrão vs. assalariado sinto que tenho, ou melhor tinha, um certo preconceito. Os patrões eram sempre os maus da fita, os pobres, mais numerosos, o povo oprimido que buscava salvação.
Vivemos numa sociedade democrática. Isto implica que as maiorias tem legitimidade para decidir os destinos do país. A conclusão lógica desta afirmação é que são os mais pobres que possuem os destinos do país nas suas mãos, através dos seus representantes democraticamente eleitos. Certo é que muita manipulação poderá existir por parte da comunicação social, visto ela ser controlada essencialmente pelo donos do capital. No entanto, custa-me a crer que existindo entreajuda entre aqueles que menos tem, estes pudessem ser manipulados pelas torrentes infindáveis de informação deturpada e propagandista que nos chega a casa todos os dias. No final de contas, aquilo que me parece estar em causa é que os pobres, quando conseguem ter uma hipótese de serem ricos, não a desperdiçam. Mesmo que imoralmente.
Ainda que mentindo, e em nome do bem comum, eleitos para representar o interesse comum, estes apenas tem mente uma coisa: o bem pessoal. Na maior parte dos casos damos-lhes de políticos.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Onde está Kaddafi?

Por estes dias, e em relativa azafama e consternação, todos procuram o Coronel Kaddafi. Como seria de esperar, os relatos de supostos avistamentos multiplicam-se. Saber onde pára o Coronel por estes dias é algo lucrativo, veja-se a recompensa que já é oferecida por informações sobre o paradeiro do ex-ditador. Não sei onde pára Kaddafi. Antes soubesse. Porém, o "onde" pouco importa agora. A questão está no porquê? Porquê atacar o Coronel só agora? Porquê compactuar com um regime ditatorial que persistiu durante décadas? Como é que de uma hora para a outra, toda a comunidade internacional se lembrou que afinal Kaddafi era um ditador, e que se calhar a Democracia, sendo uma coisa má, nem é assim tão má comparada com a ideologia do "livro verde"? É certo que noutras alturas houveram sanções contra o regime de Tripoli. Já o falecido presidente Reagan intitulava o regime como “diabólico”. No entanto, os presidentes vem e vão, isso não é coisa para pessoas que se auto-intutilam “Líder Fraternal e Guia da Revolução”. E até há bem pouco tempo, tudo parecia correr de feição para Kaddafi. Tirando alguns esporádicos atentados e tentativas de assassinato, toda a comunidade internacional parecia tolerar o regime Líbio. Mesmo economicamente falando, muitas das sanções que tinham sido impostas à Líbia por causa do financiamento sistemático de grupos de guerrilha por todo o globo, e do suposto envolvimento em atentados como o da Pan-Am, ou no dos jogos Olímpicos de Munique em 1972, tinham vindo, ao longo dos anos, sendo diminuídos e mesmo levantados. Para um qualquer leigo na matéria, e evidentemente desconhecedor das manobras diplomáticas e de auxílio à insubordinação financiadas pelas democracias ocidentais para derrubar o regime, todos pareciam ter-se habituado ao Ditador. Era Carismáticos, provocador, mas fornecia estabilidade à região.
No meu entender, um dos factores cruciais que neste momento importa às potências ocidentais é a estabilidade. Doutra forma não compreendo como só agora que Kaddafi começa a perder o controlo internamente é que todos se lembram de apoiar uma revolução. Estabilidade, no sentido que esta permita a que os mercados sedentos de matérias primas ( no caso petróleo) sejam confiáveis e todos possam lucrar com o negócio. O ditador vende o produto, o democrata compra o produto. Todos lucram. Alguém imagina os EUA fazerem algo para instaurar a democracia na Arábia Saudita ? Não é por acaso que a Arábia Saudita mantém óptimas relações comerciais e diplomáticas com EUA. Simplesmente, é o maior produtor mundial de petróleo. O ditador vende, o democrata compra. Que se dane a democracia!

Acerca de mim

Licenciado em Psicologia; Homem, 22 anos, Braga, Sporting Clube de Portugal; Agnóstico;Socialista democrático;Hetero; Solteiro; Gosto de cinema e musica; Humanista; Amante do método ciêntífico; Amante do sistema fiscal da Suécia; e-mail - romao@mail.com;