terça-feira, 6 de setembro de 2011

Onde está Kaddafi?

Por estes dias, e em relativa azafama e consternação, todos procuram o Coronel Kaddafi. Como seria de esperar, os relatos de supostos avistamentos multiplicam-se. Saber onde pára o Coronel por estes dias é algo lucrativo, veja-se a recompensa que já é oferecida por informações sobre o paradeiro do ex-ditador. Não sei onde pára Kaddafi. Antes soubesse. Porém, o "onde" pouco importa agora. A questão está no porquê? Porquê atacar o Coronel só agora? Porquê compactuar com um regime ditatorial que persistiu durante décadas? Como é que de uma hora para a outra, toda a comunidade internacional se lembrou que afinal Kaddafi era um ditador, e que se calhar a Democracia, sendo uma coisa má, nem é assim tão má comparada com a ideologia do "livro verde"? É certo que noutras alturas houveram sanções contra o regime de Tripoli. Já o falecido presidente Reagan intitulava o regime como “diabólico”. No entanto, os presidentes vem e vão, isso não é coisa para pessoas que se auto-intutilam “Líder Fraternal e Guia da Revolução”. E até há bem pouco tempo, tudo parecia correr de feição para Kaddafi. Tirando alguns esporádicos atentados e tentativas de assassinato, toda a comunidade internacional parecia tolerar o regime Líbio. Mesmo economicamente falando, muitas das sanções que tinham sido impostas à Líbia por causa do financiamento sistemático de grupos de guerrilha por todo o globo, e do suposto envolvimento em atentados como o da Pan-Am, ou no dos jogos Olímpicos de Munique em 1972, tinham vindo, ao longo dos anos, sendo diminuídos e mesmo levantados. Para um qualquer leigo na matéria, e evidentemente desconhecedor das manobras diplomáticas e de auxílio à insubordinação financiadas pelas democracias ocidentais para derrubar o regime, todos pareciam ter-se habituado ao Ditador. Era Carismáticos, provocador, mas fornecia estabilidade à região.
No meu entender, um dos factores cruciais que neste momento importa às potências ocidentais é a estabilidade. Doutra forma não compreendo como só agora que Kaddafi começa a perder o controlo internamente é que todos se lembram de apoiar uma revolução. Estabilidade, no sentido que esta permita a que os mercados sedentos de matérias primas ( no caso petróleo) sejam confiáveis e todos possam lucrar com o negócio. O ditador vende o produto, o democrata compra o produto. Todos lucram. Alguém imagina os EUA fazerem algo para instaurar a democracia na Arábia Saudita ? Não é por acaso que a Arábia Saudita mantém óptimas relações comerciais e diplomáticas com EUA. Simplesmente, é o maior produtor mundial de petróleo. O ditador vende, o democrata compra. Que se dane a democracia!

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Acerca de mim

Licenciado em Psicologia; Homem, 22 anos, Braga, Sporting Clube de Portugal; Agnóstico;Socialista democrático;Hetero; Solteiro; Gosto de cinema e musica; Humanista; Amante do método ciêntífico; Amante do sistema fiscal da Suécia; e-mail - romao@mail.com;